Novocaine: O Analgésico Quase Perfeito Para Uma Sessão de Riso e Ação
Novocaine é uma comédia de ação hilariante e absurda protagonizada por Jack Quaid. Descobre a nossa análise completa ao filme que não devia funcionar… mas funciona!
ANÁLISESFILMES
Racnela
3/23/20255 min ler


Novocaine é o Analgésico (Quase) Perfeito para uma Sessão Pancadaria
Novocaine é um daqueles filmes que parecem estar condenados a falhar no papel mas que, surpreendentemente, resultam muito bem no ecrã. Com uma premissa absurda, um protagonista invencível de tão frágil que é e uma dose considerável de humor físico, esta comédia de ação consegue encontrar o seu próprio tom. E mesmo com várias falhas narrativas, a performance carismática de Jack Quaid acaba por salvar grande parte da experiência.
Conhecido por interpretar Hughie na série The Boys e também por aparecer como Richie no recente Scream, Jack Quaid mostra aqui que tem todas as qualidades para liderar um projeto como protagonista absoluto. E fá-lo com energia, graça e uma resistência física de fazer inveja a qualquer herói de ação de segunda linha.
Sem Spoilers
A história gira em torno de Nate, um bancário aparentemente banal que sofre de CIPA, uma condição neurológica rara que o impede de sentir dor física. A sua vida é gerida ao segundo com alarmes, rotinas e restrições alimentares para garantir que o corpo não se destrói sem ele dar conta. Mas tudo muda quando conhece Sherry, uma mulher misteriosa que entra de rompante na sua existência cuidadosamente controlada.
Depois de uma noite juntos, Sherry desaparece e Nate descobre que foi raptada durante um assalto. A partir daí, começa uma missão insana de resgate onde o protagonista usa a sua ausência de dor como trunfo, enfrentando criminosos com a coragem de quem não sabe quando parar.
Apesar da lógica frequentemente ser ignorada, o filme mantém um ritmo acelerado e divertido. O humor físico é eficaz, com cenas de ação que misturam violência cartoonesca com coreografias bem construídas. Visualmente, há criatividade suficiente para manter o interesse, e o estilo é assumidamente exagerado.
Amber Midthunder tem uma presença marcante como Sherry, mesmo que a relação entre ela e Nate nunca seja verdadeiramente convincente. A química entre os dois funciona a espaços, mas o argumento não lhes dá muito com que trabalhar no plano emocional. Ainda assim, a proposta do filme nunca foi essa. Novocaine quer apenas ser uma boa comédia de ação com um protagonista peculiar. E nesse campo, cumpre com eficácia.
⚠️Com Spoilers
Logo de início, Novocaine estabelece o seu tom absurdo e peculiar. Nate é um homem que vive numa bolha de cuidados para evitar ferimentos graves que não consegue detetar. A sua rotina muda quando conhece Sherry, com quem passa uma noite intensa que rapidamente se transforma numa missão de resgate, após ela ser raptada durante um assalto a um banco.
É aqui que a narrativa mergulha na loucura total. Nate, sem sentir dor, começa a perseguir os raptores, enfrentando obstáculos com uma coragem que beira o suicídio. É queimado, esfaqueado, atropelado e agredido com utensílios domésticos. Numa cena memorável, utiliza uma torradeira como arma e, noutra, leva com uma frigideira a ferver na mão sem esboçar reação. São momentos que misturam o riso com a contração involuntária do espectador.
A interpretação de Jack Quaid destaca-se pela sua entrega física e timing cómico. É como se Hughie de The Boys tivesse perdido a consciência corporal e ganhado a resistência de um boneco de testes. O ator domina a comédia física e mantém a personagem interessante mesmo quando o argumento começa a repetir fórmulas.
O vilão principal, interpretado por Ray Nicholson, é uma figura caricata mas divertida. Lidera o gangue que raptou Sherry e enfrenta Nate num confronto final num armazém, o local cliché mas inevitável para qualquer culminar de ação deste género. Há explosões, tiros, martelos e até uma cena em que Nate, completamente em chamas, continua a lutar sem vacilar.
É também nesta fase que o filme apresenta o seu plot twist: Sherry, afinal, não foi raptada coisa nenhuma. Ela é irmã de um dos assaltantes e estava envolvida no plano desde o início. A sua ligação com Nate foi tudo menos acidental. Era uma forma de garantir que ele, inocente e manipulável, fosse usado como peça-chave no assalto. A revelação chega com um tom agridoce, misturando a comédia do absurdo com uma verdadeira pancada emocional no protagonista.
No entanto, o filme não termina aí. Sherry acaba por se arrepender. Ao ver Nate literalmente a arder por ela, começa a perceber que o plano deixou de fazer sentido. Quando o irmão ameaça matar Nate, ela muda de lado e tenta salvá-lo, interferindo no plano final dos criminosos. A sua traição à própria família leva a uma nova sequência de pancadaria, onde Nate e Sherry lutam lado a lado, mesmo que ele ainda não tenha bem processado tudo o que se passou.
No final, Nate sobrevive com ferimentos absurdos, como seria de esperar, e Sherry acaba por ser presa pelas autoridades. Ainda assim, há um momento de ligação entre os dois. Ela assume a culpa, mas ele visita-a na prisão. O diálogo final entre os dois deixa em aberto a continuidade da relação, com piadas sobre encontros supervisionados e cartas com marcas de batom. Não é o final romântico clássico, mas é estranhamente satisfatório.
E mais do que isso, o filme termina com uma clara porta entreaberta para uma possível continuação. Há referências soltas a outros criminosos envolvidos, pistas sobre a origem da condição de Nate e até uma cena pós-créditos breve, onde uma personagem misteriosa observa Nate de longe com um dossiê na mão. Nada muito explícito, mas suficiente para nos deixar a imaginar o que vem a seguir.






Nem Sentimos a Dor... Mas Será Que Isso Basta Para um Bom Filme?
Novocaine não é um filme brilhante. Tem falhas evidentes no argumento, diálogos que roçam o telenovelas e um romance que não convence. Mas é um filme com um enorme sentido de identidade, autoconsciente do seu exagero e construído para entreter.
Jack Quaid é a alma do projeto. Já tinha mostrado carisma em The Boys e em Scream, mas aqui revela uma faceta física e cómica que merece reconhecimento. A sua dedicação à personagem faz com que as partes fracas passem com mais leveza.
É uma comédia de ação que não tenta reinventar o género. Apenas quer divertir. E isso, é tudo o que se pede. Comparável a uma refeição rápida e saborosa, talvez não nos lembremos de todos os ingredientes no dia seguinte, mas no momento, sabe bem.
Uma comédia de ação exagerada mas eficaz, com cenas memoráveis, um protagonista carismático e um equilíbrio curioso entre o absurdo e a emoção. Não vai ganhar prémios, mas vai ganhar gargalhadas.
Veja o Trailer logo abaixo!


Nota IMDb: 6.8
Nota Aranha Velocista: 7.5

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